A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

21 de junho de 2013

Direita radical tenta pegar carona nos protestos pela redução da tarifa

Brasil de Fato

Estado:São Paulo



Enquanto alguns querem impor suas pautas em protestos, juventude que se diz “apartidária” corre o risco de desviar-se da luta central ao atacar partidos

19/06/2013


José Francisco Neto,

da Reportagem


Durante o quinto e o sexto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, foi notável a heterogeneidade de reivindicações. A pauta central do Movimento Passe Livre (MPL), que pede a redução das tarifas, parece estar perdendo a centralidade. Surgem em meio às manifestações cartazes com dizeres como: “Contra a corrupção” e “Impeachment à Dilma”.

Na segunda-feira (17) e na terça-feira (18), a reportagem do Brasil de Fato constatou uma sensível diferença nos atos comparando-os com a semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos sociais. As bandeiras dos partidos não foram mais estiadas. Muitas, inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas que pediam “Sem partido!”, com bandeiras do Brasil nas mãos e cantando o hino nacional.

A reportagem passava ao lado da prefeitura de São Paulo quando presenciou um grupo de pessoas que segurava uma bandeira vermelha de um movimento sem-teto. Um rapaz, de aparentemente 27 anos, ao ver a bandeira, disse irritado: “que merda é essa? Só faltava ter comunista aqui agora”.



Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram violentados por alguns manifestantes. "Começaram com gritos de longe e depois vieram para cima dizendo que nenhum partido os representava e que os partidos deveriam sair do ato. Aos socos e ponta-pés as bandeiras do PSTU foram arrancadas das mãos dos militantes e rasgadas por aqueles manifestantes que comemoraram logo depois", conta uma manifestante que presenciou a cena.

Presente nos atos, o cientista social Bruno Casalotti lembra que ser contra os partidos é corroborar com o fascismo. "A existência de partidos é fundamental para a garantia da democracia. É ótimo que eles estejam nos atos, inclusive a juventude do PT", destaca.

União popular é o que conclama Casalotti. "Quer pressionar o Haddad a baixar a tarifa? Vamos fazer isso junto com a juventude do próprio partido dele que temos mais força! PSTU, PSOL, todos têm o direito de estarem nos atos e levantarem suas bandeiras", reforça.

Cartaz distribuído na manifestação - Foto: Bruno Casalotti

Somando-se ao debate, o professor de sociologia e história do Instituto Federal de Educação e Ciência, Kennedy Ferreira, ressalta que em uma manifestação democrática cabem todas as bandeiras, "em especial aquelas que sempre estiveram ao lado dos mais desfavorecidos".



Direita radical


Fatos inusitados não presenciados nas primeiras manifestações também foram registrados pelo cientista social Bruno Casalotti. Ele disse ao Brasil de Fato que, enquanto caminhava junto a manifestação, uma menina, de aproximadamente 17 anos, entregou dois panfletos a ele com dizeres do tipo “Prisão rural perpétua, não queremos sustentar bandidos” ou “eliminação da idade mínima penal, independentemente da idade, o infrator deve ser punido". Ao ser questionada sobre a origem dos panfletos, ela respondeu: “um cara me deu esse bolinho pra distribuir”.

Casalotti considera que os dizeres presentes nesses panfletos são pautas da direita mais reacionária do Brasil. “A existência de um panfleto como esse demonstra que há setores que estão interessados em desvirtuar as motivações iniciais dos protestos, e o pior é que são setores escusos, porque nem assinar o panfleto eles assinaram”, reforça.

Foto do topo: Reprodução/Instagram

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